Ivan Santos*

“É preciso mudar para que tudo continue como sempre foi”. Esta irônica expressão foi apresentada no século passado pelo escritor italiano Giussepi Tomasi de Lampeduza, no clássico livro “O Leopardo” e repete-se hoje no Brasil entre partidos tradicionais que pretendem insinuar ao povão que estão a mudar para cumprir um papel novo na jovem democracia nacional. O primeiro partido que teve a iniciativa de mudar para continuar como sempre foi, dirigido por uma família que se apoderou da legenda para operar em causa própria, foi o PTN. Inspirado em uma bem-sucedida ação política espanhola, a família Abreu – José Masci de Abreu, deputado federal, o fundador – que controla o PTN que foi e continua a ser uma dissidência do PTB desde 1947. O PTN, para iludir incautos e se apresentar como legenda nova, mudou o nome para Podemos. Mudou e continua a ser um partido comandado pela senhora Renata Abreu, um dos galhos da Árvore Genealógica da Família Abreu.  Hoje, o Podemos, no  velho estilo de conchavos, pretende lançar o senador Álvaro Dias, do Paraná, como candidato à presidente da República em 2018. O Podemos não tem vigor eleitoral, mas poderá, num eventual segundo turno, apoiar o candidato melhor avaliado para ganhar a eleição e assim conquistar espaço privilegiado no futuro governo da República, sempre em defesa de uma causa própria como no passado. Outro velho partido que pretende mudar de nome para tapear a opinião pública é o Partido Democratas (DEM). Agora o DEM vai deixar de ser Partido para apresentar-se simplesmente como Democratas. Esta á a agremiação política nacional que mais mudou de nome na História do Brasil. O DEM Nasceu no regime militar com o nome de Arena para dar suporte político aos governos dos militares. Na passagem da ditadura para a democracia, o Partido da Arena mudou de nome e passou a denominar-se PDS – Partido Democrático Social. Democrático apenas no nome. Depois da Constituição de 1988, o PDS sentiu que precisavam “mudar” para conquistar eleitores e se manter no poder. A “renovação” foi mudar de nome. O filhote da ditadura militar passou a denominar-se Partido dos Democratas. Hoje vai mudar de nome novamente para conquistar espaços perdidos no poder. Para isto os políticos de centro-direita que controlam o DEM serão conhecidos amanhã como “democratas’, simplesmente. Ação política prática, mas continuará a ser os mesmos políticos conservadores liberais que pretendem se esconder sob o rótulo de “democratas”. O Partido DEMOCRTAS continuará a ser tão oportunista como foi no tempo em que foi Arena, PDS e DEM. Em, Uberlândia este partido é controlado por membros da família do ex-deputado federal João Bittar que são proprietários da legenda.*

*jornalista