Diógenes Pereira da Silva

Infelizmente a sociedade brasileira não se conscientizou de que, quanto mais morrem policiais, mais ela perde em qualidade de vida por falta de segurança. Morrem no Brasil mais de 500 policiais por ano, muito mais do que em países em guerra. Neste ano, somente no estado do Rio de Janeiro, até agora, foram mortos 100 policiais. As consequências dessa tragédia têm sintomas políticos e sociais severos.
Para tentar explicar melhor a omissão da população, das autoridades, da mídia e do Estado, faremos uma simples pergunta: e se fossem 100 repórteres, 100 menores de rua, 100 promotores, 100 juízes, 100 professores, 100 índios, 10 sem teto, 100 mulheres, seja lá de qual raça, credo, etnia, será que teríamos esse silêncio?
A polícia é o elo da sociedade, ela tem o dever constitucional de proteger a coletividade, mas, infelizmente, os papeis se inverteram, pois as polícias militares no Brasil deveriam atuar de forma preventiva no policiamento ostensivo, conforme previsão constitucional, contudo parte para o serviço operacional em busca de amparar a segurança que, no meu ponto de vista, seria obrigação fundamentada da Polícia Civil, porém deixemos essas questões de lado, porque o que interessa aqui é a segurança dos policiais e o respaldo constitucional que deveriam protegê-los, uma vez que antes de serem policiais, são cidadãos brasileiros, mas que não têm o amparo do Estado, igual possuem os cidadãos infratores. Ou seja, os bandidos são mais protegidos por leis do que quem defende a sociedade.

O Brasil é um dos poucos países no mundo em que policiais são atacados, mortos e quando os bandidos são presos, suas penas não são agravadas e suas punições não são exemplares! Como é que a sociedade quer cobrar por melhoria nos índices criminais se o confronto armado entre polícia e bandido tem sido a máxima? Como a sociedade e a mídia são coniventes com o ato covarde dos assaltantes que, depois de conseguirem os bens da vitima, ainda matam-na sem piedade, como se tivesse assassinando algo sem importância? A mídia e a sociedade em seus papeis têm a obrigação de unirem forças para cobrar das autoridades constituídas uma melhoria na segurança pública. Mas não assistimos em lugar nenhum a manifestação nesse sentido e as mortes de policiais e cidadãos de bem continuam aumentando ano após ano e alardeando, não só os brasileiros, mas também o mundo.

É preciso mudar nossas leis e a forma de gestão do sistema prisional. Lamentavelmente, os órgãos da Administração Pública, envolvidos na área da segurança, estão sem a devida noção de seus deveres constitucionais e fugindo à realidade da sociedade marginalizada. Para um parâmetro dentro da realidade, por exemplo, muito se fala em reforma da previdência e os prejuízos que os contribuintes terão, mas em momento algum é mencionado o quanto o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) desembolsou com benefícios sociais dos presos e seus familiares. Ora, foram R$ 445,1 milhões entre janeiro e julho deste ano com o auxílio-reclusão destinado a beneficiar presos de todo o país. Esse número representa um aumento de 408% dos gastos com esse benefício em dez anos. Ou seja, no Brasil, quem mata, rouba, assalta, estupra etc., são beneficiados, premiados com auxilio para seus familiares. Não me digam que a reforma da previdência, auxilio reclusão e aumento do tempo de contribuição do trabalhador não tem relação com a segurança pública, por que tem!

Pense no cidadão vilipendiado, abandonado e submetido a todo tipo de violência, fazer um esforço danado para conseguir um auxílio doença… Pior, são submetidos a exames rigorosos e muitos, mesmo estando doentes, não conseguem o benefício. Então pergunto, é justo reformar a previdência tirando direitos dos contribuintes e continuar a pagar auxilio reclusão aos familiares dos presos? A sociedade num todo parou de refletir, de buscar alternativas viáveis e, principalmente, cobrar pelos seus direitos. O caos, infelizmente não é somente na segurança pública, mas na saúde, educação e, sem deixar de fora a crise econômica e política, mas dentre todos a pior é a segurança, porque acaba com o direito a vida mais rapidamente.
Diógenes Pereira da Silva

Tenente do Quadro de Oficiais da Reserva da PMMG
diógenespsilva2006@hotmail.com