Ivan Santos*

A associação de marqueteiros encantados com efeitos plásticos na comunicação televisiva e nas redes sociais e políticos que se baseiam em velhos métodos para produzir reações de massa humana no tempo e no espaço pode produzir hoje efeitos desastrosos no processo político. Guardadas a intensidade e as reações ao Programa Político do PSDB divulgado ontem no rádio e na televisão, as interpretações de alguns astros tucanos foram desastrosas para o comando interino da legenda. O programa, elaborado por marqueteiros, foi um equívoco político ao revelar uma desastrada autocrítica política com efeitos de comunicação publicitária para impressionar a massa despolitizada que desconhece acordos de bastidores firmados entre políticos militantes que controlam o Partido. As críticas explícitas e veladas ao governo de Michel Temer deixaram em situação difícil os tucanos que hoje controlam quatro Ministérios no atual governo. A irritação foi tão grande que uma ala do PSDB que apoia as reformas defendidas pelo presidente Temer pede abertamente a destituição do senador Tasso Jereissati da presidência interina do Partido. O ninho dos Tucanos amanheceu hoje alvoroçado. A crítica ao “presidencialismo de cooptação” sugeriu que os políticos que apoiam o atual governo o fazem pensando apenas em cifrões (dinheiro). Esta crítica não foi entendida pelo povão e marcou profundamente a divisão que há no PSDB entre os que querem desfrutar das bondades que os cargos no governo oferecem e os que pretendem conquistar votos populares para conquistar um lugar paradisíaco no Olimpo. O desastre comunicativo ocorrido ontem à noite deixa uma preciosa lição: Em uma campanha eleitoral os marqueteiros são importantes, mas precisam ser monitorados por políticos experientes para que as mensagens elaboradas não produzam efeitos colaterais danosos na opinião do povão.

* Jornalista