Ivan Santos*

Com um título discreto o jornal Folha de São Paulo especula hoje que o ministro da Justiça, Torquato Jardim, “planeja trocar o diretor da Polícia Federal”, Leandro Daiello. Foi o bastante para que milhares de cassandras catastrofistas começassem a proclamar que o Governo estaria a preparar um esquema de mudanças para intervir na Operação Lava Jato e assim salvar políticos investigados. Quando foi nomeado diretor da Polícia Federal em 2011 o gaúcho Leandro Daiello, delegado de carreira da Polícia Federal, sabia que o cargo que assumira era demissível “ad nutum” (de livre nomeação e demissão pelo presidente da República). Em seis anos como diretor da instituição, Daiello se portou com discrição e competência. No entanto, em seis anos num cargo delicado como o de diretor da Polícia Federal, o titular deste cargo conquista simpatizantes e desafetos. Por isto chega um momento em que, para o bem da instituição e dele próprio, deve ser substituído. A Polícia Federal tem mais de 10 mil servidores, entre os quais delegados, investigadores, escrivães e servidores de nível superior. Logo, tem mulheres e homens competentes para substituir o diretor a qualquer momento e conduzir republicanamente os projetos e programas em execução na organização de segurança nacional. O ministro da Justiça não disse que vai demitir Daiello. É mais uma especulação. No entanto, se a demissão do atual diretor ocorrer não será um dilúvio. O nome em tela para substituir Daiello é o do delegado Rogério Galloro, diretor executivo da da instituição, segundo cargo na hierarquia da PF. Galloro era adido da Polícia Federal nos Estados Unidos quando foi convocado para assumir a diretoria executiva da instituição em 2013 em substituição ao delegado Paulo de Tarso Teixeira que aceitou o convite para ser adido em Portugal. Hoje, Galloro é pessoa de confiança do general Sérgio Etchengoyen, ministro-chefe do Gabinete Institucional da Presidência da República. Seria a troca de um executivo competente por outro de igual nível. Não há nenhuma galinha verde armada a para intervir na Operação Lava Jato e favorecer corruptos ou corruptores.

* Jornalista