Cesar Vanucci*

“Usar palavras estrangeiras para dizer o óbvio é um despropósito.”
(Andréa Maria Fanzeres Cordoniz, psicóloga).

Falemos, mais uma vez, da insidiosa invasão de termos estrangeiros na comunicação cotidiana, fiéis ao preceito de que Brasil se escreve com “s” e não com “z”.
É dose deparar-se, no trabalho, no mundo dos negócios, em reuniões sociais, na comunicação e nas empresas, na atividade política, no próprio recesso dos lares, com os sinais dessa preocupante desordem de coisas nascida de modismos inconsequentes, que bebem inspirações nos equívocos cometidos em práticas administrativas e gerenciais, largamente disseminadas, desarmonizadas com a verdadeira alma nacional.
Ninguém precisa fazer esforço exagerado para perceber que nem mesmo os papos coloquiais de todas as horas conseguem permanecer imunes aos efeitos desastrosos dessa nociva invasão cultural. Até mesmo o tratamento terno dispensado às pessoas do nosso afeto, a exemplo do que acontece na narração corriqueira dos lances do cotidiano, escapa à contaminação. Somos surpreendidos, volta e meia, com o uso de palavras que, obviamente, não fazem parte do riquíssimo, colorido, melodioso, insubstituível vocabulário brasileiro. É um tal de “darling” e “love” prá cá, “mother” e “father” prá lá… Muita frescurice pro meu gosto.
Das empresas e da tecnocracia chegam contribuições expressivas para o que vem, lamentavelmente, ocorrendo. O emprego de vocábulos estrangeiros não é apenas em função da designação de processos tecnológicos ainda não convenientemente traduzidos. Há uma tendência insopitável de se verter desnecessariamente para o inglês expressões de uso corrente, devidamente ajustadas à realidade que se procura retratar. E isso não pode ser considerado, definitivamente, procedimento de bom senso.
Vocábulos como “full time”, “weekend”, “case”, “ranking”, “clipping”, “happy hour”, “feeling”, “no problem”, “start”, “down”, “briefing”, “downsizing”, “inside”, “coachers”, “wokshop”, “stablishment” estão ocupando, cada dia mais, espaços no jogo dos negócios e na área da informação. Não vejo o benefício que isso possa trazer à causa do desenvolvimento brasileiro. Toda nação encontra na preservação do idioma uma das formas de sua identificação cultural e cívica. “O idioma é a pátria”, adverte sabiamente Monteiro Lobato.
Já é até o caso de recomendar receituário francês para a questão. Naquelas bandas da Europa o problema do estrangeirismo desabusado na linguagem comum é repelido, de forma radical. A proibição taxativa de emprego das expressões indesejadas é policiada pela comunidade. A substituição, por pedantismo, ou que outro nome tenha esse inaceitável procedimento, de vocábulos de uso corrente, por outros de complicada ou duvidosa eficácia e interpretação, vale para o infrator irritadas admoestações.
Já por aqui…

*Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)