Gustavo Hoffay*

Em se tratando da Operação Lava-Jato, tudo o que foi dito pelos delatores até a presente data permite até ao mais distraído observador, conceber que considerável banda do Poder Legislativo Federal está moralmente desacreditada, falida, soçobrada, perdida em si mesmo e que torna-se cada dia mais difícil uma saída ao menos honrosa para muitos deles que encontram-se sitiados no majestoso prédio do Congresso Nacional, pelo simples pavor de terem de encarar os seus próprios eleitores. Tudo o que já foi descoberto, falado e investigado sobre o maior esquema de corrupção da história mundial, infelizmente continuará emoldurando os próximos grandes eventos a serem realizados em Brasília e a partir de um bem possível velório da esperança, uma jovem porém mutilada senhora neste país. E antes do seu sepultamento espera-se, ainda, que patriotas e assaz contrariados brasileiros soltem os seus rojões e façam buzinaços como a uma manifestação pacífica ante tudo o que contraria e causa danos mentais a milhões de nós. Não descarta-se a realização de uma missa de corpo presente, mas não sem antes demonstrarmos nossa total insatisfação com aqueles que desfiguraram a senhora Esperança antes de mata-la e que, em vida, agiam obstinadamente contra uma democracia decorosa. Somente por efeito de uma pressão popular assaz forte porém disciplinada, é que o povo deste país poderá contribuir incisivamente para a sua liberdade desde as garras de governantes gananciosos e até a algum tempo insuspeitos de qualquer envolvimento em crimes de lesa pátria. O Brasil precisa urgentemente ser salvo do depauperamento social e econômico que o impede de avançar, de aperfeiçoar-se, adaptar-se a situações que não envolvam corruptos e corruptores, sob o risco iminente de estandardizar-se, recomeçar sempre, indefinidamente e a partir de podres e obsoletas formas de praticar-se política nos sentidos corrente e correto. Consciente disso, cada brasileiro responsável está obrigado a empenhar-se na prática e na difusão de uma real democracia e ser portador da esperança por um Brasil governado por políticos realmente descentes e honrados. No dia que dermos conta da nossa capacidade de continuarmos em um caminho rumo a um futuro melhor para todos nós, ao futuro que ansiamos e confiando nos trabalhos originados a partir dos políticos que escolhemos para representar-nos, deixaremos de perder tempo precioso com polêmicas originadas de poderosos que julgam-se donos do nosso país, pois enxergaremo-nos ainda mais fortes. A considerável importância de que se revestem informações, delações e os resultados de investigações da Policia Federal sobre os diversos casos de corrupção e vantagens indevidas que, direta e indiretamente, envolvem políticos e poderosos empresários ilustram, cada vez mais, o ponto a que chegaram as esferas governamentais. Tudo o que chega até a nós pela imprensa, diariamente, se explica pelo fato de que, para nós, está em evidência a descoberta de uma nova forma de praticar o jogo político tupiniquim e a qual, é claro, não foi informada a nós devido aos autores de tanto malabarismo evitarem a realização de “furos” jornalísticos espetaculares e de forma ainda mais consistente que os anteriores, uma vez que já voltam os seus olhos para as eleições do próximo ano. Considerando-se verídicas todas ou a maioria das delações premiadas e até aqui ocorridas, confirma-se mais uma vez os traços da personalidade e do caráter de quem elegemos na esperança de conduzir os destinos do nosso Brasil. O pior ainda pode vir a ocorrer, se forem aprovadas as novas regras de eleição e já a partir do próximo ano, quando estaríamos todos sendo coniventes com a pratica indireta de mais um crime contra o nosso país. Algo precisa ser feito e da maneira mais justa possível, para que não passemos à história como o povo mais aparelhado para enfrentar situações que colocam em risco a nossa democracia mas que, infelizmente, deixou-se repousar acovardado sobre o seu berço esplendido.

*Agente Social / Uberlândia(MG)