“Quem não gosta de samba bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé”
Acordei com esse trechinho de Samba da Minha Terra do genial Dorival Caymmi criado em um longínquo 1940.

A polêmica do momento é ter ou não ter carnaval em nossa querida Uberlândia, machucada, tristonha, deitada em leito de UTI em sofrimento depois de tão maltratada, chagas abertas para quem quiser ver.

Em época de vacas magras faz-se festa monumental de aniversário para filho? Acho que não. E por isso deixamos de gostar menos do filho? Nunca. Sim dói, nos sentimos os piores seres do mundo, mas engolimos seco, colheita e fartura virão, assim como aniversários. Conversamos e rola um bolo, se der uma jarra de Q-suco. Muitos parabéns e beijos de verdadeiro amor. Quanto os fatos são explicados, ninguém vai para terapia por conta de uma festa perdida.

Acho até que não sou mau sujeito mas querem saber? Estou momentaneamente doente do pé e muito ruim da cabeça. Não posso imaginar festa em sala de espera de unidade intensiva.

Vamos reerguer nossa amada cidade, vamos devolver à nossa gente a alegria e orgulho de viver em cidade bela, “plena de sol, sem chaminés ou fumaça” como cantando em Terral de Fagner e ai sim festejar com a alegria de tamborins, caixas. Dedos ligeiros a vibrar melódicas cuícas, agogôs e reco-recos.
Surdo e repique a dominar uma avenida vibrante de alegria e com a certeza de poder voltar para casa sem riscos de cair em buracos, que seus filhos estão sendo bem cuidados em creches e escolas públicas de qualidade, que a medicação da avó, da tia do neto, do filho de todos estará nas prateleiras . Utopia? Acho que não, quem viver verá.
Verá muitos carnavais, muitos sorrisos muita alegria.
Hoje não. Tenhamos paciência. O impossível pode-se fazer, milagre demora um pouquinho mais.

Vamos juntos, poder público e nós cidadãos fazer Uberlândia brilhar em carro abre alas e muitos carros alegóricos, muito trabalho pela frente e depois, ai sim muitos carnavais, natais luzes e tais.
Me veio um lampejo. Gostamos tanto assim de carnaval? Está tão entranhado na nossa cultura popular como na Bahia, em Olinda, em maracatus de São Luis, ou o Carnaboi de Manaus?
Ou temos carnaval de rua, blocos, fantasias, alegria espontânea como Ouro Preto, São João del-Rei e tantas outras?

Sem custo, fechar trecho de avenida e pronto o povo faz sua festa sem a dependência paternal do estado. Cria-se nossa Praça Castro Alves e ali, para os que gostam que façam ordeira e pacificamente sua manifestação carnavalesca. As finanças públicas agradecem, e o povo faz a festa.

Sim sou ruim da cabeça quando se trata de assunto que dizem respeito à coletividade. mas recursos públicos para carnaval em plena crise? Educação, Hospital Municipal a pleno vapor, salários, atendimento integral à população em todas as áreas ai sim. Tudo no lugar então carnavais a mil. Antes? Não mesmo!
Tenham dó. Mão na consciência gente. Mão na consciência

” Este ano eu vou sair de buda
A minha fantasia ninguém muda
Mexe o buda pra cá
Mexe o buda pra lá
O que eu quero é rebolar

A minha fantasia de buda
Foi um presente do sultão de lá
Mas se esse ano chover
A minha buda
Vai encolher ”

Marchinha carnavalesca de domínio público antiga que só

William H Stutz
Veterinário sanitarista e Escritor